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A Semana da Comunicação da Unisinos movimentou os corredores, as salas de aulas, as tendas e os estúdios de TV e rádio do Centro 3, assim como os auditórios, mini-auditórios e o anfiteatro do campus. O evento, que aconteceu entre os dias 2 e 6 de junho, comemorou os 35 anos dos cursos de comunicação da universidade.

O II Seminário de Comunicação Social da Região Metropolitana e Vale dos Sinos, ocorrido na tarde de quarta-feira (04/06) no Auditório Pe. Bruno Hammes, foi o evento mais esperados da semana, depois da palestra do MST. O espaço ficou lotado e contou com uma grande participação dos alunos de jornalismo.
Professores e profissionais da área de Comunicação Social expuseram, em cinco painéis, os desafios da comunicação municipal e a importância das Assessorias de Imprensa das Prefeituras.

Comunicação estratégica

O professor Pedro Luiz da Silveira Osório mediou o seminário, que iniciou com o painel Como promover a comunicação integrada nas assessorias de comunicação das prefeituras em sintonia com o governo municipal? Segundo a palestrante Tânia Almeida, professora da Unisinos, a comunicação precisa estar integrada com a gestão da prefeitura, pois ela é uma atividade meio. “Quando se está no poder público, não se pode perder a noção de política, do compromisso com a sociedade. A gestão pública é muito dinâmica, por isso, o setor de comunicação deve planejar diversas ações estratégicas”, afirma.

Contudo, a jornalista aconselha os assessores a deixar bem claro aos prefeitos e secretários que a comunicação não faz milagres. “Noticiamos os eventos, mas a capacidade de persuasão não é controlada. Não fazemos milagres, fazemos comunicação, não temos o controle de tudo”, diz Tânia. A professora trouxe dois exemplos, uma campanha de obras e um projeto institucional, para ilustrar a sua exposição.

A publicidade da prefeitura na capital gaúcha

A Coordenadora de Publicidade da Prefeitura de Porto Alegre, Aline Kusiak, fez uma apresentação muito sucinta e rápida sobre Quais as vantagens do departamento de publicidade nas assessorias de comunicação das Prefeituras?

Mesmo confessando seu pânico de falar em público, Aline discorreu sobre o desafio de comunicar um milhão e 400 mil pessoas de uma forma transparente e eficiente. “Temos que saber como usar bem a verba da publicidade. A escolha da mídia baseia-se naquela que tem a maior circulação e que traga um grande retorno”, explicou a publicitária.

Jornalismo político

Após o vergonhoso coffee breack, momento em que todo o público atacou com selvageria a mesa dos salgadinhos e doces no hall de entrada do auditório, iniciou o painel mais esperado da tarde. A jornalista Rosane de Oliveira, colunista de política do jornal Zero Hora e comentarista da TVCOM, falou sobre Como fazer comunicação em ano eleitoral?

Segundo a jornalista, seu foco de trabalho é a independência. O seu blog é o segundo em número de comentários do portal Clic RBS. “No jornal impresso e no blog me sinto livre para criticar ou elogiar e escolher os assuntos dos quais vou falar. Diferente do que acontece na televisão e no rádio, mídias onde fico o tempo inteiro na corda bamba, ponderando a cada palavra.”, desabafa Rosane.

Diversas dicas foram passadas pela jornalista. “Estar na assessoria de comunicação de uma prefeitura ou empresa não significa mandar release para todo mundo, você deve saber para qual público está falando”. Rosane também aconselhou os comunicadores a nunca mentir, a facilitar o acesso do jornalista a assessoria e cuidar dos detalhes. “Por mais que trabalhamos em processo industrial, devemos ter atenção aos detalhes. Se algo sair errado em um release, por exemplo, ele é colocado no lixo e sua informação não é publicada”, explica.

A assessoria de comunicação, na visão de Rosane, é mais ampla do que parece “Às vezes o mais importante não é sair no jornal, comunicação não é publicidade. Devemos pautar o que vai de encontro ao interesse do leitor e não o que os políticos querem”. O fundamental, segundo ela, é informar a comunidade. O assunto política não é fácil de ser passado à população, por isso, a jornalista aconselha usar uma linguagem acessível nos meios de comunicação.

Para encerrar, Rosane mostrou o quanto os profissionais da comunicação são importantes para o leitor na época de eleições. “Na falta de quem recorrer, as pessoas procuram a imprensa. Está faltando na mídia às soluções para os problemas, os jornalistas devem chegar ao limite. Quanto mais discutirmos, mais o eleitor vai saber em quem votar”, finaliza.

Informação com criatividade

Fabrício Carpinejar, coordenador do curso Formação de Escritores e Agentes Literários, animou o seminário com o seu jeito irreverente. De unhas pintadas de preto e óculos amarelos, falou alto ao microfone. Ganhou a simpatia da maioria e o descontentamento de outros.

Ao falar sobre Tendências da comunicação, ele mostrou o quanto o mediador pode ser criativo. “Não é o espaço que te define, você que cria o espaço. O seu público nasce com o texto”, afirma. Durante todo o painel, defendeu a escrita criativa e o bom humor. Contrariando o aprendizado em sala de aula, Carpinejar aconselhou os alunos a se envolverem com as fontes e defendeu que todo texto é autoral.

Segundo Carpinejar, todo jornalista deve ter um blog, mas não para usá-lo como diário e sim, como um espaço de treinamento da escrita e da criatividade. “O jornalista precisa de um tempo autoral”, defende.

Famurs em pauta

O último painel fez muitas pessoas irem embora. Sandra Domit, jornalista e assessora de comunicação da Famurs, se propôs a falar sobre Os desafios da comunicação municipal. Contudo, se deteve muito a explicar como funciona a empresa para qual trabalha e a contar sua autobiografia.

Balanço

Algumas palestras ficaram lotadas e deixaram muitos interessados sentados no chão ou do lado de fora. Faltou à presença de jornalistas de outras empresas, quase só compareceram profissionais da RBS. O mascote do evento, o elefante Tunico, não agradou muito e passou a ser visto como sem graça e infantil. A organização e a divulgação deixaram a desejar.

Mesmo assim, o saldo final da Semana da Comunicação foi positivo. Dificilmente temos a oportunidade de debater a comunicação na Unisinos com profissionais da área. De graça e valendo horas complementares então, é algo mais raro ainda.

Acompanhe alguns momentos do seminário.