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Idolatria desniveladaO orgulho de ser brasileiro e o amor pelo Rio Grande do Sul são sentimentos característicos do mês de setembro. No dia 7 comemoramos a Independência do Brasil e no dia 20 a Revolução Farroupilha. Mas o que fica mais evidente nestas datas é a preparação que se dedica a cada uma delas.

Fui ao centro de Novo Hamburgo acompanhar o desfile de 7 de Setembro e fiquei decepcionada com o que encontrei. Havia mais bandeiras e panfletos de candidatos a vereador e prefeito do que patriotas desfilando. O brilho do sorriso das crianças ofuscou-se devido à aglomeração daqueles que ali estavam somente para fazer propaganda política. O som em ritmo de marcha ficou abafado pelos jingles. O dia cívico foi desrespeitado mais uma vez.

Atualmente muitas pessoas vêem o dia 7 de Setembro apenas como mais um feriado, esquecendo o seu real significado. E o pior, só lembram que a data está se aproximando devido a algum colega de trabalho que perguntou o que faria no feriado ou quando percebe que os ônibus estão com uma faixa verde e amarelo atravessada no vidro dianteiro.

O amor pela pátria, a alegria de comemorar a independência e o orgulho de ser brasileiro estão sendo esquecidos. Apenas as crianças e alguns idosos se emocionam com o desfile, com a marcha e com as mensagens que são passadas. Em contrapartida, o dia 20 de Setembro é idolatrado pelos gaúchos.

Um mês antes da data os tradicionalistas já estão organizando acampamentos pelo Estado, tertúlias, andando pilchados, ensaiando danças, etc. e tudo regado a muito chimarrão.

As escolas desenvolvem diversas atividades com os alunos na Semana Farroupilha, os motivando a conhecer mais sobre a história do Rio Grande do Sul, a tradição e a cultura. A maioria dos gaúchos sabem na ponta da língua o Hino Rio-Grandense e as tradicionais canções “Céu, Sol, Sul” e “Querência Amada”. Mas se formos falar do Hino Nacional as coisas complicam, dos clássicos da MPB então, o conhecimento é muito baixo.

Precisamos refletir mais sobre a nossa identidade. Cultuamos o local e esquecemos o nacional. E, mesmo assim, as comemorações das festividades locais são lembradas apenas um tempo antes de acontecerem, durante, e quase nada depois. Elas passam praticamente o ano inteiro esquecidas. Claro que isso não acontece para os verdadeiros tradicionalistas, aqueles que fazem parte de um Centro de Tradições Gaúchas, por exemplo.

A falta de incentivo dos pais, a escassez de informações na escola, os novos cultos e modismos que surgem quase diariamente na sociedade, a mídia e tantos outros fatores vão transformando nosso sentimento de pertença e modificando nossos valores.

Ficam as perguntas: Somos gaúchos ou brasileiros? Somos mesmo independentes? Não estamos trocando personagens históricos por novos ícones? Não estamos invertendo os valores destas datas? Estamos transformando a Semana Farroupilha em uma nova data Capitalista?

Cabe a cada um escolher aquilo que mais lhe agrada, mas nunca esquecendo as suas raízes, do orgulho de ser brasileiro e gaúchos. Ter identidade mostra o quanto o sujeito tem personalidade e é único. A sociedade está cada vez mais carente de cidadãos que respeitem a história do país, a cultura e a as pessoas que fazem parte deste solo, da pátria amada chamada Brasil e do nosso querido Rio Grande.

Fotos: Daniela Machado
Opinião publicada no site Novohamburgo.org